Quando o Criador dos universos intentou dar início à formação
da Terra, teve primacialmente em vista estas duas finalidades: fazer deste novo
planeta o paraíso da espécie humana, ou melhor dizendo, dos Espíritos
revestidos de carne, e fazer que aqui se procedesse à formação de Messias e
Profetas, aptos ao desempenho de missões santificantes em outros mundos em
preparação.
Dos dois objetivos primaciais, nenhum ainda foi alcançado,
decorridos que foram já, mais de dois milhões de anos da existência da Terra
como mundo habitado.
E esse fato é devido à circunstância por todos os motivos
lamentável, de que os Espíritos para aqui destacados, esquecem-se totalmente
dos compromissos assumidos no plano espiritual, uma vez instalados no plano
físico.
Outro dos motivos que muito têm contribuído para esse
esquecimento, é o conforto material de que ambicionam cercar-se quando sua
faculdade inteligente começa a manifestar-se, relegando a plano secundário tudo
o que não possa, a seu juízo, contribuir para alcançarem esse desiderato.
Esforços sobre esforços vêm sendo empregados pelos Altos Dirigentes Espirituais
da humanidade terrena, para incutir em sua mente os elevados objetivos que se
comprometeu a perseguir, quando convenientemente instalada na Terra, mas tudo
tem sido debalde, ante uma vontade mais forte de aqui enriquecer, de adquirir
poder, prestígio e honrarias que tornem a criatura falada, admirada e até
invejada pelos semelhantes. Infantilidade, pura infantilidade tal objetivo,
porque, mesmo conseguido, cedo a criatura se convencerá de que não valeu a pena
tanto esforço, sacrifício até, para honras demasiado vãs e efêmeras por fim.
O que constatamos então, nós, do Alto, quando designados para
receber, consolar e orientar os milhares de seres espirituais que aqui
desencarnam todos os dias? O que constatamos nós? — repito. O mais triste e
doloroso dos espetáculos, ao contemplarmos irmãos valorosos que aqui cumpriram
tarefas durante várias dezenas de anos, seres que receberam no Alto uma
preparação especial para desempenharem missões relevantes, meritórias, em favor
do progresso moral de seus contemporâneos, mas que, por desvio de princípios
educativos ou mesmo de tendências oportunistas, perlustraram uma existência
absolutamente inócua, porque nada fizeram do muito que se haviam comprometido a
fazer.
Não poucos desses irmãos, possuindo no íntimo o desejo
sincero de servir ao próximo, deixaram-se vencer pela tentação eclesiástica,
ingressaram nesse serviço, e ei-los estiolados em suas verdadeiras aptidões,
pela disciplina a que tiveram de submeter-se nas ordens religiosas em que
ingressaram.
Esses irmãos rezaram muito, é verdade, mas rezaram
simplesmente por dever e não passaram de rezadores de profissão, sem outro
mérito a ornar-lhes o Espírito, resultante de esforço próprio, de iniciativas
suas, em favor dos semelhantes. Chegam assim ao Espaço esses irmãos, como disse
completamente estiolados e a maioria deles até privada da faculdade de
autodeterminação como conseqüência, de uma existência inteira de subserviência.
Nós deles nos condoemos, é verdade, mas não podemos compensá-los do precioso
tempo que perderam.
A maioria destes irmãos, uma vez recobrada sua lucidez
anterior ao mergulho que deram na carne, penitenciam-se empenhadamente,
procurando servir os necessitados de orientação e instrução moral, executando
inclusive tarefas que não estão para a sua situação espiritual. Se me
permitirdes aplicar ao caso uma imagem terrena, capaz de fazer compreender
melhor quais sejam as tarefas a que voluntariamente se devotam os irmãos a quem
me venho referindo, eu vos direi que muitas delas se assemelham às de arrecadação
do lixo nas ruas das grandes cidades, e ao varrimento e limpeza de lugares
menos salubres que existem por aqui.
Isto, entretanto, eles o fazem numa ânsia de servir com
humildade, com devotamento, no desejo muito natural e altamente dignificante de
compensarem com trabalhos rudes no Espaço, a ausência de esforços meritórios na
Terra. Mas Deus, que é a Suprema Bondade, sugere sempre a Nosso Senhor que
receba, abençoe e perdoe a esses filhos o lapso de memória em que viveram sua
existência terrena, reconhecendo que as vibrações exclusivamente materiais
deste planeta e o tipo de alimentação preponderante para o ser humano, podem
muito contra as vibrações puras do Espírito. E assim, encerrada desse modo uma
reencarnação, inicia o Espírito daqueles irmãos uma nova fase de preparação
para novo mergulho na carne, com renovadas promessas de se empenhar a fundo na
prática do bem e do amor ao próximo, como tantas vezes o fizera antes...
Irmãos meus e amigos meus: é
tão intenso e profundo o desejo que me anima de ver a todos os que me lêem,
receber do Alto o merecido prêmio dos bons e dos justos, que um único conselho
vos trago, um único conselho que frutificará maravilhosamente em vossos
corações, enchendo-os de felicidade em dias que se aproximam aceleradamente e
que é este: corrigi de pronto vossos desregramentos, vós todos os que os
tiverdes, e voltai a partir de hoje os vossos pensamentos de todos os dias para
aquela Fonte Inesgotável de Amor e Bondade que é Nosso Senhor e Mestre Jesus,
oferecendo-lhe diariamente boas obras, boas ações em favor daqueles que vos
cercam, e também dos que vos servem, entre os quais descobrireis, se o
tentardes, Espíritos de maior envergadura moral do que a vossa. Isto vos
aconselha de todo o coração e até vos pede, este vosso incansável amigo e —
Irmão Tomé.
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