Os homens do passado sempre estiveram empenhados no que bem
se pode denominar o seu único bem-estar, sem ligarem maior importância ao
bem-estar alheio. Construíram aqueles homens, paralelamente, talvez maior
desconforto para seus Espíritos, ao regressarem ao ponto de onde vieram no
mundo espiritual.
Muitos desses homens do passado tiveram, por acréscimo às
suas ambições, a veleidade de pretenderem tornar-se senhores do mundo em que
habitavam, perseguindo, encarcerando e matando seus semelhantes mais fracos, do
que estão repletas as páginas da História. Certo é também que numerosos dos
potentados de então, já aqui estiveram em novas existências, sofrendo quase
todos as mesmas penas que impuseram antes aos seus vencidos. Cumpriu-se aí
apenas a lei que determina: quem com ferro fere, com ferro será ferido, lei que
já existia, antes de existir a Terra, e aqui se cumpre como de resto em outros
mundos habitados.
De um dos homens que mais poderosos se julgaram em sua época,
ouvi em confissão memorável perante Altos Dirigentes Espirituais, que se possível
lhe fosse, exterminaria de bom-grado a própria consciência, para apagar todas
as recordações nela gravadas durante uma de suas peregrinações terrenas. Isto,
todavia, não é possível, e não há como fugir à lei sábia que regula a pena em
idênticas condições àquela que a outrem tenha sido imposta.
A humanidade atual pouco difere da antiga, não obstante os
progressos realizados pela ciência em vários setores de atividade. O progresso
em que a ciência deve esforçar-se por melhorar a vida terrena, é no campo moral,
no entendimento e fraternidade, firmando princípios verdadeiros no sentido da
iluminação do Espírito, e menos no sentido da destruição. Armas nucleares em
nada podem contribuir para a segurança e integridade das nações, porque, sendo
comuns a várias delas, a destruição será recíproca, infelizmente.
Persistam, então, os homens de ciência, no aprimoramento de
seus estudos no sentido do uso da energia nuclear como força propulsora; isto
sim, contribuirá decisivamente para o adiantamento do planeta no século de
luzes que se aproxima. Somente para este fim serão seus esforços abençoados por
Deus, e meritórias serão chamadas suas atuais encarnações.
É preciso acordar no homem a consciência de sua responsabilidade
para com seus irmãos terrenos, e voltar para a felicidade destes o empenho que
a maioria faz em engrandecer-se a si próprio, na ilusão de que os galardões da
Terra possam ter alguma cotação no mundo espiritual. Eu digo-vos que não,
irmãos meus; no mundo espiritual, onde ingressareis por vossa vez quando a isto
fordes chamados, o único galardão realmente apreciado, e que se transforma em
luz e felicidade para seus portadores, é aquele que reflete os esforços dos
homens no sentido de dar ajuda, assistência, instrução, educação e conforto aos
menos afortunados. Esse sim, irmãos meus, é o mais belo galardão que nos é dado
contemplar lá no Alto, onde recebemos diariamente os milhares de Espíritos que
regressam da Terra. E quantos deles regressam, ai Deus meu; em que lamentável
estado, após deixarem bens, fortuna, riquezas e mais riquezas espalhadas por
aí...
Quem de vós, homens e mulheres que me ledes, gostaria de
chegar dessa maneira à morada de Nosso Senhor? Certamente nenhum de vós, é
claro. É tempo então de começardes o vosso exame de consciência, para que haja
tempo de corrigir o que estiver errado, e limpar uma ou outra mancha nela
existente. Para vos alertar em tal sentido, irmãos e amigos meus, eu me
encontro entre vós trazendo-vos estes conselhos, visto como tempos se aproximam
aceleradamente, e depois deles nada mais será possível.
O comerciante como o industrial, o médico como o engenheiro,
o advogado como o técnico, o parlamentar como o governante, o profissional,
enfim, de todas as especializações, têm diante de si em todos os momentos,
oportunidades de fazer algo em benefício do seu semelhante, quando mais não
seja, até por um pensamento de amor, um gesto de bondade, de fraternidade, de
tal modo que esse pensamento como esse gesto possam aninhar-se no coração do
próximo.
Combater o egoísmo, a ambição e o ódio entre irmãos como
entre povos, é dever de todos os filhos de Deus. “Somente o amor constrói para
a eternidade”, disse-o o Senhor Jesus, e nós, seus enviados, o repetimos alto e
bom som, porque este é, na realidade, o objetivo de quantos conseguiram
permissão para reencarnar uma vez mais, e aqui se encontram completamente
olvidados de seu compromisso.
Construir para a eternidade!
Que coisa magnífica esta, e que maravilhas aguardam no Alto a quantos isto
conseguirem! Sabendo-se que só o amor constrói para a eternidade, eu vos
concito, irmãos meus, a iniciar sem demora vossa trajetória em tal sentido,
amando, ajudando, assistindo os vossos irmãos menos afortunados. É este o
conselho e o empenho deste vosso dedicado — Irmão Tomé.
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