Por mais inacreditável que pareça, a pessoa humana representa
o mais perfeito sentido do Bem e do Mal. Isto constitui uma verdade
indiscutível entre os mais evoluídos seres da Natureza, que são os Espíritos de
Deus, já possuidores de luz espiritual que os torna freqüentemente mensageiros
divinos aos mundos em evolução.
O Bem e o Mal nasceram juntos, cresceram e vivem juntos,
disputando-se mutuamente a primazia no poder junto da pessoa humana. O que faz
distinguir o grau evolutivo da pessoa humana, é precisamente a sua maior
ascendência às influências sugeridas pelo Bem, e às vibrações projetadas pelo
Mal. À medida em que o ser humano consegue resistir às sugestões do Mal,
recusando-se a pôr em prática essas sugestões, mais se identifica com o Bem e
se afasta do Mal. São duas forças essas que se projetam igualmente sobre a
pessoa humana para dominar-lhe os pensamentos e as ações; e não fora a
consciência que existe em cada uma dessas pessoas, registrando, apurando e
regulando as ações humanas, não haveria por certo evolução nem progresso para o
Espírito, que é a única coisa que conta ao fim da existência física de cada
homem ou mulher na Terra.
A consciência age como um verdadeiro juiz no íntimo de cada
ser humano, não influindo contudo em suas deliberações, que lhe são
inteiramente livres. Quem aceita e põe ou não em prática as sugestões do Bem ou
do Mal é somente o Espírito, a centelha divina que existe no homem como na
mulher, regulando-se ou apoiando-se nos julgados de sua consciência, que é quem
lhe diz se tal ato é bom ou mau. E como pode a consciência humana apontar ao
Espírito como bom ou mau um determinado ato? De uma maneira muito simples e,
portanto, ao alcance de todas as inteligências. Quando o homem ou a mulher se
dispuserem a praticar determinado ato, atitude ou ação, raciocinem da seguinte
maneira, para ficarem sabendo se é bom ou mau: quando verificarem que no ato,
atitude ou ação em vista, existe um princípio de caridade ou amor para com o
próximo a quem esse ato, atitude ou ação se dirige, podem praticá-lo sem receio
porque é bom, e seu Espírito será por ele beneficiado. Quando, pelo contrário,
a consciência vos disser que semelhante ato, atitude ou ação, em vez de
caridade, representará uma violência para alguém, então modificai vossa
deliberação porque ides praticar um ato mau que, além de sobrecarregar vossa
consciência com a violência decorrente, tereis de pagar pelas conseqüências, e
o fareis no mesmo grau em que tiverdes molestado ao vosso próximo.
Como toda ação provoca uma reação igual e contrária, tudo
aconselha a evitar a violência, seja em que sentido for, pelas conseqüências
inevitáveis que seríeis forçados a sofrer. Ora bem. Isto posto, examinaremos em
seguida por que existem ao mesmo tempo cursando a escola terrena homens —
Espíritos — bons e homens maus. A razão é muito fácil de apresentar. Homens que
vêm reencarnando há milênios, e portanto há milênios cursando esta grande
escola evolutiva que é a Terra, e que, ao fim de inúmeras reencarnações, já
puderam formar um conceito seguro, correto e decidido acerca do Bem e do Mal, e
assim firmaram uma perfeita consciência do que realmente lhes convém para
alcançarem mais rapidamente a luz espiritual, estes homens criaram já uma
espécie de couraça para resistir às sugestões do Mal, e somente praticam atos
de que possa resultar uma velinha a mais para o engrandecimento de sua
luminosidade. A homens deste tipo nenhuma vibração ou sugestão tentará jamais a
afastarem-se da rota que se traçaram, que é a da prática intransigente do Bem,
da Caridade e do Amor ao próximo.
Provavelmente ao término da presente encarnação, os homens
deste tipo irão viver em planos compatíveis com a sua evolução e não mais
reencarnarão, porque já alcançaram a verdadeira felicidade. Quanto àqueles
seres humanos que facilmente se deixam empolgar pela prática de ações menos
dignas, aqueles que pretendem enxergar apenas a satisfação de interesses
diversos, ou de diversas categorias, sem se preocuparem com o mal que possam
levar aos seus semelhantes, até à violência máxima de lhes interromperem o fio
da vida terrena, esses, irmãos meus, que Deus deles se compadeça porque terão
de resgatar a dívida, a ofensa, a violência ou o que outro nome tenha, até ao
último centavo.
A consciência dos seres humanos que ainda procedem desta
maneira assemelha-se muito a um amontoado de terra, barro, argila e carvão,
onde apenas pequenos lampejos perpassam, como resultado de ações de algum modo
apreciáveis que foram por ela registradas. Perguntar-me-eis, porventura, o que
sucede às vítimas de seres violentos, de fraca consciência, como os acima
descritos. E eu com satisfação responderei o seguinte: alguns dos que tiverem
sido vítimas das violências descritas, ou de outras, ou terão resgatado uma dívida
por inteiro ou parte dela, contraída no passado, e assim se aliviaram desse
fardo, ou, no caso de serem vítimas inocentes, o que é raro, terão alcançado um
degrau a mais na escala evolutiva, em virtude da violência sofrida.
A vítima inocente, embora muito rara, também existe; e a
maior de todas foi sem dúvida Nosso Senhor Jesus Cristo, que, animado dos
melhores propósitos em relação aos homens da Terra, teve de sucumbir ao poder
do orgulho e das ambições humanas, inconformadas com a sua pregação do amai-vos
uns aos outros, porque somente o amor constrói para a eternidade. Esta foi a
maior de todas as vítimas imoladas até agora na Terra. Foi a vítima da
incompreensão e do ódio, o maior dos inimigos do coração humano. Seus algozes
de há dois mil anos, assim como os que persistem em hostilizar sua ascendência
incontrastável sobre todas as criaturas viventes na Terra, já resgataram ou
continuam a resgatar a sua falta.
Que Deus vos esclareça a
todos, meus queridos irmãos, para que jamais vos torneis algozes de vossos
irmãos, é o que sinceramente vos deseja este vosso dedicado — Irmão Tomé.
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