Havia nos tempos de antanho, muito antes que a Terra
começasse a receber os primeiros seres humanos, um clima somente suportável por
animais que hoje são designados pré-históricos. Preparado que foi o solo terreno
para ser palmilhado pelo homem, e nele lançada a semente de um sem-número de
vegetais que haviam de servir de alimento aos primeiros seres humanos, tratou o
Criador dos universos de selecionar, entre as classes espirituais, os Espíritos
que deviam encarnar em o novo planeta, e aqui desenvolver suas faculdades
latentes até alcançarem o nível evolutivo a que deveriam ascender.
Dizer o que foram os tempos decorridos desde então, através
das várias épocas consignadas pela vossa História Geral, é tarefa desnecessária
neste momento, porque pertence a objetivos que não pretendo abordar em meus
conselhos de hoje. Direi apenas que os Espíritos designados para evoluir na
Terra aceitaram de bom-grado essa designação, sem cuja anuência não poderiam
vir a este planeta. Com sua anuência em virem para a Terra, receberam
demoradas, repetidas e completas instruções acerca dos seus deveres como
Espíritos encarnados para com Deus, o Pai Celestial, tendo sido ainda
cientificados do prazo máximo de que poderiam dispor, para aqui alcançarem o
grau evolutivo necessário à sua iluminação espiritual.
Juntamente com esses Espíritos em princípio de evolução, e,
portanto, destinados por assim dizer, à aprendizagem do A B C evolutivo, a
misericórdia do Pai fez baixarem à Terra outros Espíritos já bastante
evoluídos, que hoje são designados entre vós como Profetas, Sábios e
Patriarcas, incumbidos da feitura das leis humanas que passariam a reger a vida
terrestre. Tudo foi predeterminado, pois, com sabedoria e amor pela
magnanimidade do Pai Celestial, para que nada faltasse aos filhos que vinham
habitar o novo planeta.
Se bem que a Divina Sabedoria tudo saiba e preveja com
séculos e até milênios de antecipação, foi contudo com profunda melancolia que
o Criador dos universos acompanhou a excessiva lentidão com que a grande
maioria dos Espíritos terrenos (porque vivem na Terra) caminharam ao longo de
numerosas existências no sentido de sua iluminação.
Para estudar meios de apressar esse desideratum, vários
Conselhos Espirituais têm sido reunidos no Espaço, resultando no envio à Terra
de numerosos missionários, reencarnados em todas as latitudes do Globo, com o
objetivo de esclarecer, ajudar e conduzir os encarnados ao caminho do seu
aprimoramento moral, o que vale dizer da sua iluminação espiritual.
De todos os esforços feitos em tal sentido, o mais notável
foi sem dúvida o que empreendeu o filho do carpinteiro de Nazareth, Nosso
Senhor Jesus Cristo, de cujo exemplo, entretanto, bem poucos aproveitaram,
mergulhados como permaneceram nas trevas da vida terrena uns, nas ambições de
domínio outros, e aqueles que deveriam conservar-lhe a doutrina e o exemplo,
transformados por si mesmos em pretensos ministros de Deus, mas sem nenhuma
credencial para isso, enlevados em sua própria grandeza, luxo e ostentação.
Em face, pois, da realidade terrena dos dias que correm, e da
imprescindível quanto inadiável necessidade de transformação do atual estado de
coisas, uma vez que esgotados se encontram todos os prazos e prorrogações
concedidos ao ser humano desde aqueles tempos de antanho, um dilema está posto
perante quantos se encontram neste momento com os pés firmados na face da
Terra, que é o seguinte: meditarem seriamente nos objetivos da vida humana como
finalidade evolutiva do Espírito, e neste caso procurarem reformular todos os
seus planos de vida, ou, de outro modo, prepararem-se para seguir um caminho
provavelmente tão longo e tão áspero, que talvez um bom número de caminheiros
não consiga percorrê-lo, por lhe faltarem as forças para isso a certa altura da
viagem.
Os que caírem pelo caminho podem estar de antemão informados
de que nenhum socorro lhes poderá chegar, porque nessa região ainda não existe
nenhuma organização socorrista. O recurso único em tal circunstância será este:
valerem-se da prece sentida, verdadeira, e voltarem seu coração para aquela
Fonte Suprema do Bem, que é Deus, o Pai Celestial, e procurarem fazer de suas
fraquezas forças para prosseguirem, porque desse caminho não se retorna. O
caminho do retorno é bem outro, o qual, entretanto, só aparece onde finda o
primeiro...
Meus irmãos queridos: talvez as minhas palavras possam
parecer-vos exageradas, na descrição que faço acerca do futuro que vos aguarda,
porém eu vos asseguro que o não são. Longe de mim a idéia de pretender infundir
o terror em vossos corações por meio destes conselhos que fui incumbido de
trazer-vos. Mas resta-me a consolação de vos reafirmar que todas as
possibilidades de seguirdes o caminho da luz estão à vossa frente, e todos
podereis utilizá-las porque tendes para isso o vosso livre arbítrio.
Sustai por um instante em cada vinte e quatro horas a vossa
preocupação de enriquecer, de subir, de mandar, de governar, de dominar os
outros, e meditai sobre o que podereis fazer para alcançar a graça de Deus em
vossos trabalhos e em vossas relações sociais. Eu vou deixar convosco uma
espécie de fórmula, que em falta de outra melhor, todos podeis adotar para
saberdes prontamente quando estareis caminhando certo ou errado em vossa vida.
É a seguinte: Quando tiverdes de tomar uma resolução, uma providência, em
vossos afazeres constantes, quando vos predispuserdes a efetuar a prática de um
ato particular ou público, imaginai por um momento que Jesus, Nosso Senhor e
Mestre, esteja presente ao vosso lado, e tomará conhecimento da vossa
deliberação. Se vos parecer que Jesus a aprovará, praticai-a sem receio porque
é boa, meritória. Se, ao contrário, vossa consciência vos disser baixinho que
essa deliberação será desaprovada por Ele, por contrária aos princípios que
regem as leis da moral, da caridade e do amor ao próximo, neste caso sustai
semelhante ato, resolução, medida ou o que for, porque ela seria inconveniente,
prejudicial e contrária à vossa felicidade, à vossa iluminação espiritual. Ao
passo que, deixando de dar-lhe efetividade, sinal será de que o vosso Eu
Superior que é a centelha divina que habita em vós, passou a orientar vossa
vida e vossos atos no caminho do bem, da luz e da vossa felicidade.
Perdoai, queridos irmãos, porque é para o vosso bem, a insistência deste vosso afeiçoado — Irmão
Tomé.
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