Havia entre os povos da antiguidade, o que vale dizer povos
das eras primitivas, a convicção de que quando o homem era visitado pela morte,
seu corpo permanecia como um todo, por séculos em fora, nada mais existindo
além daquele corpo então sem vida nem movimentos.
Todas as homenagens eram assim prestadas ao corpo e somente
ao corpo, porque se desconhecia qualquer possibilidade da existência de algo
mais além do organismo físico do homem.
Com o perpassar dos milênios, contudo, instrutores
espirituais baixaram à Terra em várias épocas, a pregar a existência da Alma ou
Espírito em conexão com o corpo, e também que, com a morte deste, desprendia-se
a Alma, que voltava a uma região desconhecida, que era designada de várias
maneiras. Os ensinamentos dos instrutores foram se desenvolvendo pouco a pouco,
até divulgarem a região espacial como o local para onde seguiam as almas
desencarnadas, chegando-se finalmente aos ensinamentos atuais, designando os
diversos planos do Além como o destino das almas ou Espíritos, após o
encerramento de mais uma trajetória terrena.
Sabendo-se, por conseguinte, que a morte não é o fim, e que o
túmulo é apenas uma passagem deste para outro plano de vida, forçoso é convir
em que se ao desencarnar o homem como a mulher, neste mundo de Deus, terão de
ir viver noutro plano, necessário se torna saber como ali serão recebidos e de
que recursos poderão necessitar para se manterem. Isto é tanto mais importante
quando já sabemos de sobra que tudo no Universo trabalha continuamente,
trabalha sem cessar, desde o próprio Criador ao mais simples e humilde de seus
mensageiros. Trabalha na Terra o mais ínfimo dos seres animados, o animal
microscópico, em busca de alimento, trabalham os pássaros de Deus para obterem
seu sustento, assim como o resto da criação até ao homem, sempre com o mesmo e
único objetivo: buscar o alimento do corpo.
Ora bem. Dessa escala infinita de seres que se movimentam para
comer, é o homem o único que, tocado pela idéia ambiciosa de riqueza e poder,
não se contenta em trabalhar só para comer, mas também para amealhar valores e
bens materiais, e de tal modo o fazem milhões e milhões deles, que não raro
sacrificam a própria saúde, privam-se de uma alimentação regular para não
interromperem, ou mesmo para prolongarem suas horas de ganhos.
Um conselho altamente benéfico para o Espírito, e salutar
para o corpo desses homens, é o que nestas linhas eu lhes quero deixar, para
que não venham a defrontar-se no amanhã que não tarda, com problemas talvez de
solução impossível para eles. É este o conselho, que não é meu, mas de nosso
Divino Mestre Jesus, e já repetido em toda a Terra por numerosos de seus
enviados: a Terra é simplesmente uma estância de passageiro aprendizado para
todos os Espíritos encarnados. Ninguém permanecerá na Terra além do período que
lhe foi predeterminado para obter elementos necessários à sua evolução
espiritual. Viva o homem a sua vida de integridade e pureza moral, para
fortalecer o Espírito em sua trajetória multimilenar, até atingir o grau de
perfeição que terá de alcançar um dia, como o próprio Jesus e outros iluminados
profetas já alcançaram. Para isto, dispense o homem e também a mulher, maior
atenção aos bens do Espírito que aos da matéria, e verá como tudo mais lhe
chegará por acréscimo. O que à Terra pertence, na Terra tem de ficar, e a
ninguém é dado prever o dia de seu regresso ao mundo espiritual. Prazeres,
luxo, ostentação, diversões, vaidades e ambições de riqueza, podem ser
comparados aos anestésicos que apenas retiram a consciência do paciente por
alguns minutos. Transposto esse lapso de tempo, tudo volta ao que era, sem
nenhuma alteração maior que o fato que dera motivo à anestesia. Tudo aquilo, pois,
não passa de ilusões procuradas pelo homem, como vós mesmos dizeis, para vos
distrairdes.
Neste plano de vida, irmãos meus, só dois meios de ação vos
são realmente úteis à vossa felicidade: trabalhar e orar. Esta vida é demasiado
curta para comportar qualquer espécie de distração ou desvio de pensamento. No
mundo espiritual, no qual reingressareis mais dia menos dia, não existe
necessidade de distração para os Espíritos, que não seja o cumprimento de
tarefas fraternais e comunhão mental harmônica com as Forças do Bem, que
irradiam poderosos eflúvios em todas as direções. E como sabem os iluminados
que esses maravilhosos eflúvios constituem verdadeiro néctar para aqueles que
puderem recebê-los, é essa a única e encantadora distração a que todos nos
dedicamos, sempre que nossas tarefas no-lo permitem.
Pois bem, irmãos meus; tanto quanto nós outros no Espaço,
também vós podeis receber na Terra os eflúvios maravilhosos das Forças do Bem,
assim estejais em condições e desejosos de os receberdes. Quando, e como? —
perguntareis. Muito facilmente. Adquiri desde agora o hábito da meditação
diária na hora de deitar. Deixai que vosso pensamento se eleve por momentos —
dez a quinze minutos — às regiões superiores do Universo, e imaginai-vos em
seguida em contato com as Forças do Bem, e cedo verificareis com alegria, que
todo o vosso ser se inunda de eflúvios de indizível bem-estar e felicidade.
Essa prática, além de atrair luz e harmonia para vossos Espíritos,
inspirar-vos-á, um mundo de novos ideais sublimes, e trar-vos-á ainda saúde
para o vosso corpo, preparando-o para resistir a numerosas enfermidades
terrenas.
Fazei isto ainda que por
experiência, e eu vos asseguro que jamais a permutareis pela melhor das
distrações a que habitualmente vos entregais. Eis o conselho que aqui vos
deixa, o vosso dedicado — Irmão Tomé.
Nenhum comentário:
Postar um comentário