Passa já da hora o vosso despertar espiritual . . . Saiba que a tua verdadeira pátria é no mundo espiritual . . . Teu objetivo aqui é adquirir luzes e bênçãos para que possas iluminar teus caminhos quando deixares esta dimensão, ascender e não ficar em trevas neste mundo de ilusão . . .   Muita Paz Saúde Luz e Amor . . . meu irmão . . . minha irmã

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

19. O TRABALHO E A ORAÇÃO - livro: As Forças do Bem.



Os homens do presente, tanto quanto os do passado, têm recusado tomar a sério certos conselhos que de vez em quando surgem no meio ambiente, como a tentar despertá-los para as coisas relacionadas com os verdadeiros interesses do Espírito.

Grandes homens do passado, cujos nomes a História registra por seus feitos materiais, ficaram seriamente perturbados ao regressarem ao mundo espiritual donde haviam provindo, devido ao seu despreparo espiritual, ao fim da encarnação recém-vencida.

Isto sucedeu a homens que comandaram legiões na Terra, a outros que foram verdadeiros árbitros no mundo dos negócios, a grandes capitães da indústria, banqueiros notáveis, líderes no comércio, potentados na política, mestres na diplomacia com acatamento geral às suas opiniões e atitudes, conduzindo com inteligência e habilidade rara os negócios de seus ministérios.

Estes homens, é claro, receberam na Terra uma instrução completa em vários anos de preparo especializado, tendo muitos deles adquirido elevado grau de cultura e experiência que lhes granjearam justo prestígio e renome, não apenas em seus próprios países como também no ambiente internacional. Pois bem, meus caros irmãos; dizer que a maioria dos homens citados, apenas conseguia fazer de Deus uma idéia vaga, imprecisa, nebulosa, não chegando a adquirir convicção a respeito de sua existência ou não, pode parecer uma fantasia, mas não o é realmente.

Tais homens alimentaram apenas em sua vida terrena, a preocupação de estarem sempre bem com seus chefes transitórios, no que se refere aos políticos e diplomatas, pouco se lhes dando igualmente a existência do Divino Mestre Jesus, cuja doutrina apenas conheciam através dos filtros do catolicismo ao tempo de sua meninice. Quanto aos homens do comércio e da indústria, como os do mundo financeiro, poucos foram os que realmente invocaram Nosso Senhor para o êxito de seus empreendimentos, e quase nenhum deles o fez em prol de sua melhoria espiritual.

Não é, pois, de surpreender que os Espíritos desses homens, ao chegarem de regresso aos planos de donde haviam descido à Terra para uma nova etapa de aprimoramento espiritual, se encontrassem completamente estagnados e às escuras, por não haverem adquirido luz suficiente para poderem caminhar sozinhos. Muitos deles se quedaram silenciosos, desalentados, em profunda meditação, recebendo intuições que sempre ocorrem nesses momentos, tendo alguns lançado para consigo mesmos as seguintes indagações:

— “Como é que eu me encontro em tão deplorável situação, se fui na Terra um homem tão importante, acatado e respeitado por todos os que me conheceram?! Dar-se-á, porventura, que o meu esforço e o meu trabalho não foram suficientes para conseguir luz para o meu Espírito? Como pode ser isto?”

Lançando tais indagações, esses Espíritos caíam novamente em meditação e desalento, e prosseguindo nesse estado, uma voz se fez ouvir, lançando-lhes outras indagações mais ou menos assim:

— Tens certeza, meu irmão, de que a tua vida terrena decorreu, em verdade, sob normas duma perfeita correção moral, reta justiça, conferindo a cada um de quantos te serviram aquilo a que fizeram jus? Ou será que a par de esforços nobilitantes para o teu Espírito, atos ocorreram em certo número que só podiam denegri-lo? Podes assegurar perante Nosso Senhor que fizeste algo para propagar, pela palavra ou pelo exemplo, a necessidade do amor ao próximo como um de seus luminosos ensinamentos? Ou procuraste usufruir da vida terrena todos os proventos possíveis para o teu prazer e engrandecimento perante os homens? Continua em tua meditação, irmão meu, que eu voltarei oportunamente para recolher tuas respostas às indagações que aí ficam...

A voz amiga emudeceu. O Espírito em causa caía em profundo desalento, assim permanecendo durante dias e dias, meses e anos até, ao constatar que sua última passagem pela Terra, numa vida opulenta e bonançosa, em nada contribuíra para o seu adiantamento espiritual.

A certo Espírito recém-chegado da Terra, durante cuja encarnação não aprendera sequer a rezar, porque fora jogado no trabalho em tenra idade, indagações semelhantes foram feitas, e ele, em sua perfeita consciência do que fora, apenas conseguiu responder mais ou menos o seguinte:
— “Não sei quem assim me fala; mas vou responder com toda a minha alma, o que posso responder. Devo dizer que nem uma vez procurei dirigir-me a Deus, porque não pude aprender a chamá-lo, uma vez que iniciei minhas atividades ainda com os dentes de leite.

A Nosso Senhor Jesus Cristo também nunca incomodei porque não me foi preciso. Se isso for uma falta, quero ser punido porque só agora tomo conhecimento dela. A única coisa que fiz durante os oitenta anos que vivi na Terra, foi trabalhar. Trabalhei posso dizer sem descanso, porque, tendo criado indústrias, dei trabalho a alguns milhares de operários, do qual outros milhares de homens e mulheres viveram e se alimentaram, e lá continuam usufruindo o resultado de uma organização a que dia e noite me entreguei. Devo dizer ainda que injustiças, não me acusa a consciência de haver praticado; apenas fui sempre exigente no cumprimento dos deveres de cada um. Fundei escolas e centros assistenciais dentro da minha organização, só para servir e amparar meus operários e suas famílias”.

Este Espírito, um pouco esgotado por sua narrativa, silenciou por momentos e ajuntou para finalizar:

— “Foi só o que pude fazer na Terra. Se merecer alguma punição, que ela se cumpra, segundo a vontade de Deus”.

Este Espírito, caros irmãos, deu provas de ser realmente valoroso. Não tendo recebido instrução intelectual por ter sido atirado à vida em tenra idade, soube construir uma das maiores organizações de trabalho na Terra, proporcionando salário, educação técnica e assistência a muitos milhares de outros Espíritos. Se não se destacou por seu devotamento à Grande Causa de Jesus na Terra, mereceu do Divino Mestre aquele galardão que Nosso Senhor destina aos grandes construtores da vida terrena. Tendo empregado em sua organização milhares de famílias, aquele irmão proporcionou-lhes meios de educarem seus filhos e parentes, resultando daí haver atualmente numerosos engenheiros, médicos e técnicos em diversas especializações, a serviço da organização em que seus progenitores foram simples operários.

Este é um dos raros casos em que o trabalho organizado em justos princípios se pode substituir à oração. O fato de alguém proporcionar trabalho remunerado e constante, constitui para Deus uma forma de oração.

E os outros Espíritos? — perguntar-me-eis. Ai de mim irmãos meus; preferia não ter de responder, mas é meu dever fazê-lo porque é essa a minha missão. Entre aqueles a quem em princípio me referi, e que brilharam sobremodo na Terra pelos êxitos alcançados em virtude de sua cultura, de seu talento e senso de oportunidade, alguns não conseguiram afastar-se do local por vários anos, ao fim dos quais, de tanto implorarem, foi-lhes concedido um novo mergulho na carne, sob promessa de algo fazerem por sua elevação espiritual. Alguns deles encontram-se novamente aqui cumprindo modestas mas úteis tarefas, agarrados à idéia que do Alto trouxeram, de que só o amor constrói para a eternidade. O trabalho e a oração constituem, em verdade, as asas que podem conduzir os Espíritos encarnados mais rapidamente à aquisição de sua verdadeira felicidade.


Aqui se despede de vós por hoje e vos abençoa o vosso dedicado — Irmão Tomé.  

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