A maioria dos seres humanos
viventes na Terra, na hora que passa, é constituída de Espíritos que já
alcançaram relativo grau de evolução, através de suas inúmeras vidas vividas
neste planeta. Essa maioria de Espíritos, relativamente evoluídos, assumiu
compromissos ao reencarnar desta vez, e que não pode deixar de cumprir.
Assim como os Espíritos
desencarnados, vivendo no Espaço, isto é, nos planos espirituais que lhes são
próprios, têm tarefas constantes a desempenhar e as desempenham realmente,
também aqueles que aqui se encontram reencarnados as têm igualmente, e ai de
quantos se não esforcem em lhes dar cumprimento. A reencarnação de um Espírito
de Deus não consiste unicamente no seu ganha-pão de cada dia para a manutenção
do corpo. Paralelamente, o ser humano tem deveres a cumprir, deveres que pediu
fervorosamente a Jesus quando ainda no Espaço, e que, uma vez reencarnado,
olvidou por completo.
E quais são esses deveres? —
perguntar-me-eis. Esses deveres consistem aliás de muito pouco para com
terceiros, e de bastante para com vós próprios. Para com terceiros, que são os
vossos semelhantes, esses deveres cingem-se ao espírito de fraternidade e amor
para com eles, ajudando os que puderem ajudar, mas envolvendo-os sempre em
sentimentos de fraternidade, cada um em suas orações diárias. Poderá dizer-me
algum de vós que essas orações diárias não existem, seja por alegada falta de
tempo, seja por julgadas desnecessárias. Aos que de tal maneira se desculparem
perante sua consciência, eu direi que estão incorrendo em grave falta, primeiro
para com eles próprios, e depois para com nosso meigo Nazareno.
Efetivamente, um ser humano
já possuidor de um relativo adiantamento espiritual não pode absolutamente
deixar de orar regularmente todos os dias, pelos motivos já apontados em
capítulo anterior. Posso afirmar com toda a verdade que a oração se faz ainda
mais útil ao Espírito encarnado do que o alimento para o corpo. E isto porque
àquele que ora nada jamais faltará, porque a própria magia da oração produz o
milagre de atrair tudo de bom para ele, inclusive o alimento indispensável à
manutenção do corpo. Ao passo que, os que julgarem dispensável a oração, podem
ser comparados ao viajor que segue pela estrada de olhos vendados, e cairá
fatalmente no precipício, mais cedo ou mais tarde. E se esse precipício não
surgir durante a presente encarnação, senti-lo-á, apenas cerrados os olhos do
corpo pelo fenômeno da morte. Nesses casos, que existem infelizmente em número
regular, é tal a profundidade em que se sentem jogados os recém-desencarnados,
que certamente tudo dariam, inclusive a própria vida, se possível lhes fosse
recomeçar a encarnação que acabaram de perder.
Para dizer estas coisas com
toda esta clareza aos meus irmãos encarnados, para tentar incutir em sua
memória física os sérios compromissos espirituais de cada um, foi que Nosso
Senhor nos enviou à Terra, a este que ora vos fala e a milhares de outros como
eu que se espalham por toda a superfície terrena, considerando que não há mais
tempo para doutrinação nem catequese. Tempo não há senão para aqueles que, ao
lerem estas palavras, sintam no coração toda a vibração deste último chamado à
meditação e à prece, e se decidam imediatamente por ambas, hoje mesmo, para que
possam contar já este dia em sua marcha para a luz espiritual que aqui vieram
buscar. Felizes serão os que assim decidirem, porque iniciaram, por assim
dizer, a sua proteção contra o temporal que se aproxima, como a Terra jamais
conheceu em todas as épocas. Os que assim decidirem, bem cedo saberão agradecer
a Nosso Senhor este aviso do Céu, que outra coisa não é o objetivo de minha
missão. Os que assim decidirem, repito ainda uma vez, muito mais cedo do que
possam esperar, se encontrarão transformados em novos apóstolos do Senhor, a
pregar o mesmo que eu hoje prego, junto aos irmãos ainda adormecidos, que serão
todos quantos costumam aguardar os acontecimentos para tomarem deliberações.
Benditos, pois, todos os
meus leitores que decidirem meditar seriamente no que aí fica, e passarem a
comunicar-se diariamente com Nosso Senhor Jesus Cristo, que não está longe,
absolutamente, mas muito próximo dos filhos que o chamarem pela oração.
Irmãos meus, amigos meus:
poderá parecer insistência desnecessária o que venho repetindo através destas
páginas. Eu vos asseguro porém, que não é tal. O que vos parecer insistência,
recebei-o como o ardente desejo de um verdadeiro amigo, que se empenha em
resguardar seus irmãos de situações e percalços muito e muito desagradáveis,
situações e percalços que não podem ser descritos por antecipação. Bastar-me-á
dizer-vos de todo o coração que se Nosso Senhor me enviou até vós, se me
confiou esta pesada tarefa de despertar a memória de todos vós encarnados,
neste alvorecer de singulares acontecimentos a se produzirem no plano físico,
se o Nosso Divino Mestre aqui me enviou, foi exclusivamente pelo seu imenso
desejo de vos despertar do sono da carne em que vos encontrais mergulhados,
para a vida e a felicidade do Espírito, que sobrevive à morte do corpo. Este é
o grande, o único objetivo destas palavras que vos são dirigidas de todo o meu
coração, e que eu desejo penetrem no vosso.
Se um argumento a mais ainda
fosse necessário para que cada um dos meus queridos leitores pudesse receber
como ouro puríssimo tudo quanto neste livro tenho escrito, se um novo argumento
ainda fosse necessário para sua convicção, eu lhes diria que a aceitação destes
conselhos só aproveita, única e exclusivamente, a quantos resolverem pô-los em
prática. Minha situação pode ser comparada à de um professor contratado para
lecionar sua especialidade a determinada classe de alunos. Sua tarefa consiste
em lecionar a matéria com proficiência e dedicação, interessando-se vivamente
pelo aproveitamento dos alunos em geral, e de cada um em particular. Seu
salário, ele o recebe, quer a classe progrida ou não, visto como os mais
interessados no conhecimento da matéria devem ser realmente os alunos, os
únicos que da mesma hão de tirar proveito na vida prática. O professor cumpre o
seu dever funcional lecionando, e o moral interessando-se particularmente pelo
progresso de cada um de seus alunos. Mas, se apesar de tudo isso, os alunos
fazem pouco caso do que ouviram, quem serão os prejudicados: o professor que
tanto se empenhou, ou os alunos que desdenharam as aulas? Respondei vós mesmos,
queridos irmãos.
Esta Cruzada representa, por
conseguinte, um grande esforço de esclarecimento dos irmãos encarnados,
conclamando-os à realidade da vida espiritual que é eterna, enquanto a vida
física alcança pouco além de sete decêndios. E se eu vos disser que há no plano
espiritual Entidades que não desejam de maneira alguma reencarnar novamente,
preferindo ocupar-se dos afazeres peculiares a esse plano de vida, estarei
dizendo-vos uma grande verdade. São Espíritos que após numerosas encarnações em
que enfrentaram lutas, sofrimentos e até privações, rogaram a Nosso Senhor lhes
permitisse continuar sua evolução no Espaço, e jamais voltarem à vida
enclausurados na carne, tal como presentemente vos encontrais. Vede, por esta
informação, quão desagradável se torna a vida na face da Terra para os
Espíritos que já possuem uma noção mais positiva da vida espiritual.
Longe de mim, irmãos
queridos, a menor intenção de censura a qualquer de vós. O que desejo frisar é
que o apego que muitos têm à Terra, ou melhor dizendo, à vida terrena, é apenas
uma conseqüência do seu esquecimento de um notável patrimônio espiritual
deixado no Além. Procurai praticar a meditação diária, e Nosso Senhor, que está
percorrendo todos os lares terrenos, no afã de salvar os filhos que quiserem
salvar-se, far-se-á presente em vosso próprio lar, para vossa maior edificação.
Aqui se despede uma vez mais
o vosso dedicado — Irmão Tomé.
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