Os historiadores da Terra,
os esforçados pesquisadores dos fatos ocorridos ao longo dos séculos vividos
pela humanidade terrena, só de quando em quando, e mesmo assim muito
superficialmente, se têm ocupado do lado espiritual da Humanidade.
Os acontecimentos de ordem
material e política têm tido absoluta predominância nos relatos históricos,
sendo bastante difícil levantar-se um esquema da evolução espiritual da
humanidade terrena através desses relatos. Um exemplo apenas, em apoio do que
aí fica: a passagem de Nosso Senhor em corpo humano pela Terra, é citada apenas
em linguagem técnica, quando se tem necessidade de citar uma data. Então se
diz, em documentos de importância geralmente perante um Tabelião: — No dia tal
do ano tal, do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, iniciando a redação do
documento. Mas, se desejarmos consultar a História, verificaremos com tristeza
que a passagem pela Terra daquela grande figura pouco ou nenhum interesse
despertou nos historiadores.
Esta é, infelizmente, a
realidade das coisas ainda nos dias que correm, em que somente um reduzido
número de Espíritos encarnados se preocupa sinceramente com a personalidade do
Divino Mestre.
Agora o contraste: o Divino
Mestre não cuida senão do bem-estar e do progresso espiritual dos encarnados da
hora presente, assim como sempre cuidou das gerações passadas. E é de tal monta
a preocupação do Senhor com o progresso dos seus guiados terrenos, que seus
auxiliares mais categorizados, isto é, os Espíritos de maior evolução e
luminosidade, estão chefiando falanges de outras entidades menores, sob a direção
suprema do Senhor, com o único objetivo de incutir no cérebro dos encarnados a
necessidade, a urgência, a inadiabilidade de sua maior preocupação com a
felicidade do Espírito.
Tem sido meu empenho, em
todos os conselhos anteriores, alertar-vos irmãos meus, em face do que está
para vir, e acredito que os leitores destes conselhos tenham de alguma maneira
atendido às minhas palavras. Quero dizer-vos hoje, amigos e irmãos que muito
prezo, que dias bastante tenebrosos marcarão, em breve prazo, acontecimentos
que os historiadores contemporâneos talvez não tenham tempo de registrar. Serão
acontecimentos de tal maneira decisivos para a humanidade atual, que muitos
chegarão a proclamar como sendo o fim do mundo previsto pelos astrólogos.
Nada disso, entretanto, meus
queridos. Tudo pode acontecer, mas pode também deixar de acontecer, nesse
esquema de que falei em princípio. Vou tentar descrever o quadro que poderá ou
não positivar-se. As vibrações emitidas pelo conjunto dos seres humanos são de
um potencial magnético tão acentuadamente grosseiro, que sua condensação nos
planos próximos à Terra vem formando uma espécie de figura sinistra, que cresce
e se agiganta de século em século, mas que um dia terá de produzir efeitos
altamente desastrosos sobre seus emitentes. Poderemos chamar a essa figura, com
alguma propriedade, o egrégoro mental¹ da humanidade terrena. Ora, a continuar
a emissão desse tipo de vibrações, todas elas impregnadas de espessa
materialidade, a figura sinistra completará rapidamente o seu ciclo ideal, e em
conseqüência espalhará sobre a face do Planeta toda a maldade acumulada através
das vibrações recebidas.
Todo o empenho, por
conseguinte, do Divino Mestre, mediante a Grande Cruzada de Esclarecimento
presentemente em execução em todo o mundo terreno, é expor aos Espíritos
encarnados esse perigo iminente, e obter que eles próprios se esforcem por
evitá-lo, o que somente dos encarnados depende. O que devem eles fazer então?
Apenas isto: tratarem de retirar seus pensamentos da materialidade grosseira de
que vivem cercados, com o que diminuirão a onda vibratória que tem ajudado a
formar e aumentar a figura sinistra do egrégoro da Terra e, dedicando-se
concomitantemente à meditação e à oração, projetarem no campo magnético
vibrações luminosas que, tal seja a sua densidade, poderão destruir
completamente ou reduzir de muito os efeitos maléficos que ameaçam a
tranqüilidade dos seres encarnados.
É necessário esclarecer
convenientemente certa mentalidade humana que refere a existência de certos
fenômenos como sendo castigos do Céu. Absolutamente, irmãos meus, não existem
esses castigos. O Céu, assim designado ainda entre vós o plano espiritual
peculiar aos Espíritos Puros, o Céu não castiga ninguém. Os fenômenos assim
designados, e que têm caído sobre a Terra em forma de cataclismos, são
originados e alimentados pela soma de vibrações grosseiras emitidas pela mente
dos encarnados, as quais se acumulam, condensam-se, e, quando seu peso se
tornou superior à capacidade de resistência do plano em que se egregoraram,
rompe-se a resistência, e eis que se projetam sobre as próprias fontes
emissoras na ânsia de as destruir.
É isto meus queridos, o que
as Forças do Bem, sob a direção do Nosso Divino Mestre, intentam evitar mediante
a emissão de bons pensamentos. Será isto difícil? De maneira alguma.
Claro está, por conseguinte,
que os conselhos que este vosso irmão mais velho vos traz, como parte do plano
elaborado no Alto para tentar reduzir, ou mesmo anular os efeitos daquilo que
acabo de descrever, não constituem nenhum benefício por mínimo que seja, nem
para o meigo Rabi da Galiléia, o Senhor do Mundo, nem tampouco para os seus
mensageiros empenhados na Cruzada.
Todo proveito, todo
benefício, irmãos meus, é exclusivamente vosso, dos vossos Espíritos. Sabeis
perfeitamente que amanhã, um amanhã que não sabemos quando virá, tereis de
abandonar família, riqueza, patrimônio e tudo mais que à Terra pertence, e
regressar aos planos donde partistes para a Terra, não importa quando. Isto é o
que mais certo podereis ter, o inevitável, quando muito adiável, segundo o
curso aplicado à vossa presente encarnação. Pois se assim terá de acontecer,
irmãos queridos; se essa é irrevogavelmente a lei da vida terrena, por que não
aceitar e pôr em prática, desde já, essas medidas acauteladoras do vosso
bem-estar e tranqüilidade?
Não são Nosso Senhor nem
seus enviados, os beneficiários da aceitação destes conselhos; os únicos
beneficiários sereis vós mesmos, e numa medida tal, que mais tarde haveis de
conhecer. O empenho do Senhor, como vosso maior Protetor e Guia Espiritual,
consiste em vos livrar dos horrores de uma tempestade psicológica que pode
desabar a qualquer momento, da qual anseia preservar-vos, como vosso verdadeiro
amigo que é.
A par do que aí fica, já
sabeis do movimento de seleção que se está desenvolvendo por todo o planeta,
visando afastar dele todos aqueles que até hoje têm recusado ingressar no
caminho do bem e da solidariedade humana. Aqueles que apenas se têm empenhado
em contrariar as leis do amor e da bondade, preocupados exclusivamente em
perturbar a paz e a tranqüilidade dos seus semelhantes, esses estão sendo
definitivamente afastados da vossa convivência, para seguirem o caminho a que
fizeram jus.
Estou, entretanto,
plenamente convencido de que nenhum dos que estas páginas estudarem será banido
da Terra, mesmo que este volume seja lido por algum daqueles infelizes irmãos
acima referidos. Eu acredito tão decisivamente nas palavras que aqui vos deixo,
pela intensa luminosidade que das mesmas se projetará até nas mentes mais
opacidadas, nos Espíritos mais endurecidos, que até mesmo os aparentemente
condenados ao desterro ou banimento da Terra, tudo hão de fazer para se
modificar, e alcançarão finalmente a redenção. E se isto irá acontecer àquela
classe de Espíritos, o que dizer dos amorosos irmãos que se preocupam
sinceramente com o desenvolvimento das potências da alma?
Irmãos queridos: não sei se
me fiz compreender como desejo, acerca da razão e da origem dos temporais que
desde o início destes conselhos venho referindo. Suas causas são exclusivamente
terrenas, não havendo forças espirituais capazes de impedir a sua eclosão. É
como se acumulásseis pedregulhos sobre os vossos telhados, aumentando o
depósito diariamente ou amiúde, com novos seixos. Um dia, quando o peso desses
elementos excedesse a resistência do telhado, tudo viria abaixo com estrondo,
esmagando-vos ou ferindo-vos seriamente.
Aí fica, numa imagem mais
simples, explicado o fenômeno dos chamados temporais, que tanto podem ser
psicológicos como reais, verdadeiros temporais arrasadores. Lembrai-vos então
do vosso telhado. Começai a retirar os seixos de lá e fazei que vossos amigos e
conhecidos façam o mesmo, tratando de os dissolver mediante a emissão diária,
constante, permanente, de pensamentos bons, corretos, dirigidos ao Senhor do
Mundo.
Que Nosso Senhor vos abençoe
hoje e sempre, iluminando-vos o entendimento, é o que sinceramente vós deseja
este vosso dedicado — Irmão Tomé.
¹
EGRÉGORO MENTAL: Forma astral gerada por uma coletividade. A respeito das
cadeias invisíveis e da formação do ser coletivo a que o ocultismo chama
egrégoro, diz G. Pharneg: “O pensamento, a vontade, o desejo são forças tão
reais, mais talvez, do que a dinamite ou a eletricidade. Debaixo da sua
influência, a matéria astral, que é tão plástica, faz-se compacta e toma forma.
O fato está provado por inúmeras experiências. Se, portanto, algumas pessoas se
reúnem num local, emitindo vibrações fortes e idênticas, pensamentos da mesma
natureza, um ser verdadeiro ganhará vida e ficará animado de uma força, boa ou
má, conforme o gênero dos pensamentos emitidos. Em princípio fraco e incapaz de
atividade, prestes a dissolver-se se for abandonado a si mesmo, esse ser
coletivo vai-se precisando à medida em que as reuniões aumentam; a sua forma
torna-se a cada dia mais nítida e ele adquire uma possibilidade de ação cada
vez maior. Calcule-se que força terrível não há de ter, ao cabo de 2.000 anos,
por exemplo, o egrégoro de uma grande religião! Que poder não há de ter ela
para auxiliar os seus adeptos ou puni-los oportunamente! (Dicionário de
Ciências Ocultas, Editora O Pensamento, 1927).
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